Na ocasião, os trabalhadores votaram e, desde ontem, estão em estado de greve, ou seja, a qualquer momento podem entrar em greve. Na quarta-feira, às 8h, haverá mais uma assembleia para tratar de acordos coletivos. Às 10h, os trabalhadores aguardam membros da diretoria da CRM para uma negociação. Caso isso não aconteça, a tendência é que, a partir daí, seja deflagrada greve por tempo indeterminado.
Conforme o diretor financeiro do sindicato, Hermelindo Ferreira, a surpresa foi quando, na última terça-feira, o sindicato foi informado da instrução de serviço da empresa, cortando a periculosidade do salário dos trabalhadores. “Isso equivale a 30% no vencimento de cada funcionário. Há 26 anos esse valor é incorporado no salário. Até então tínhamos boa relação com a empresa. Porém, eles querem que o trabalhador produza, mas tiram os benefícios. Não funciona assim”, completa.
Segundo Ferreira, além deste último posicionamento da empresa, uma pauta que está sempre ativa nas assembleias é a terceirização. “O sindicato reivindica há mais de oito anos que sejam retiradas as terceirizadas. Cerca de 80% da arrecadação da CRM é repassada para este tipo de serviço. Com o corte na periculosidade, eles economizam R$ 270 mil, porém gastam mais de R$ 7 milhões com as terceirizadas. Quem sofre as consequências é o trabalhador, e onde deveriam cortar os gastos não cortam”, salienta.
O presidente do sindicato, Wagner Lopes Pinto, enfatiza que a categoria quer trabalhar, mas não aceita o corte de 100% da periculosidade de 350 funcionários. “Sabemos que uma greve afeta muito a produção da empresa. Porém, se não houver outra maneira, é isso que vai acontecer. Caso paralisarmos, ainda não decidimos se cumpriremos a legislação mantendo alguns funcionários trabalhando ou se paralisaremos totalmente”, comenta.
O presidente afirma que todos fazem seu orçamento familiar e esse é um dinheiro que fará muita falta para os trabalhadores. “Temos muitas pessoas que são de outras cidades. Que abandonaram outros serviços porque aqui era pago um valor melhor. E agora querem diminuir? Isso é contra a lei. Foi uma decisão unilateral. E nós lutaremos contra até o fim”, argumenta.
O líder sindical salienta que o carvão da CRM é que vai alimentar as usinas que estão sendo construídas. “Então, que não venham dizer que vão realizar corte de pessoal. Enquanto o último terceirizado não sair de dentro da empresa, não aceitamos a demissão de nenhum de nossos trabalhadores. A maior empreiteira que trabalha aqui é a Fagundes. Não temos nada contra ela e seus trabalhadores. Mas vamos lutar para que saiam”, destaca.
Pinto diz que, em 2015, foi até o Ministério Público (MP) para denunciar que empresas terceirizadas estavam recebendo um valor injusto. “Apresentamos notas de máquinas trabalhando 24h por dia, sendo que não trabalham nem 18h. O MP me informou que não tinha efetivo para fiscalizar”, relata.
De acordo com o funcionário Edson Budó, a empresa decidiu que a periculosidade será conforme laudo, ou seja, somente alguns ganharão. “Não aceitamos isso. Quando publicaram o edital para o concurso, constava que a periculosidade seria para todos os funcionários. Isso acontece há mais de 20 anos. E se houver cortes de trabalhadores, que seja das terceirizadas. Chegou a hora da categoria se unir e lutar pelos nossos direitos”, afirma.
Outro lado
A assessoria de comunicação da CRM informou que sempre prioriza seus funcionários. Em relação as terceirizações, a diretoria afirma que os contratos obedecem os critérios da lei das licitações -(8666/93). A respeito do corte da periculosidade, a CRM comenta que foi o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) quem exigiu que somente trabalhadores que tenham esse direito recebam. Até então, todos recebiam, independente do cargo.
Sobre a paralisação de ontem, a diretoria da CRM informou que sabe que ocorreu uma assembleia, promovida pelo Sindicato dos Mineiros de Candiota. Porém, até o momento, a empresa não foi notificada oficialmente de decisões ocorridas na assembleia.
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