Diante de um quadro de crise no sistema energético nacional, o economista Paulo de Tarso Pinheiro Machado assumiu, hoje, a presidência da CEEE e já anunciou a necessidade de um aumento extraordinário nas contas de luz. A proposta é parte de um realinhamento tarifário. O tema vai ser levado para a pauta de um encontro no fim do mês, no Ministério da Energia, onde o índice deve ser definido. Em seguida, em cinco de fevereiro, o percentual vai ser levado para a avaliação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Esse aumento extraordinário não vai ser requisitado apenas por nós, as concessionárias de todas as regiões do Brasil vão fazer esse pedido. O que faremos é nos antecipar para sermos um dos primeiros”, avaliou Pinheiro.
Mas o maior problema para os consumidores da CEEE é a possibilidade de um reajuste duplo. A pendência de um aumento de 22,8%, do ano passado pode ser resolvida ainda no primeiro semestre. A Aneel proibiu a CEEE de aplicar o aumento em outubro devido a inadimplências e a projeção é cobrar os valores de forma retroativa, já que o aumento só entrou em vigor em dezembro, para se refletir nas contas de janeiro. “O passivo do setor é de R$ 2,5 bilhões. Também discutiremos esse tema em Brasília e o enfrentaremos nesse tempo de turbulência de ajustamentos”, avaliou.
Sobre a relação entre a queda nas reservas hidrológicas e o aumento nos picos de energia, que pode provocar um cenário de racionamento inclusive no Rio Grande do Sul, o presidente frisou que a realidade é parte de um contexto nacional. Pinheiro confirmou que a companhia está em alerta. “O que acende a luz vermelha para o Estado é que estamos no pico do consumo em função do aumento das temperaturas. É uma realidade que não nos permite pensar que estamos em uma posição diferente do Brasil. Há, sim, uma possibilidade de risco. Mas isso não está mensurado”, atestou.
Ao ser questionado sobre as reclamações da comunidade sobre a demora no restabelecimento da energia após períodos de queda de luz, ele alertou que o ideal é evitar situações que provoquem o problema. “Isso só ocorre devido a vendavais, temporais e galhos que caem sobre a rede. Com um sistema subterrâneo esses transtornos podem ser amenizados”, ponderou. O dirigente manifestou a vontade de propor uma substituição do modelo de rede, mas não deu sinais de concretizar o processo diante da escassez de recursos. “As obras em andamento continuarão sendo executadas e cobraremos aceleração no cronograma. Em novas ações, temos que buscar equilíbrio financeiro para retomar investimentos”, concluiu.
Uma das metas da nova gestão é reduzir a perda de energia na rede, de 18% para 6%. O percentual, considerado alto em comparação com os parâmetros internacionais, é provocado por ligações clandestinas, furtos e desvios, finalizou Pinheiro.
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