Documento que projeta exigências do Brasil para 2050 prevê ampliação do mineral na matriz energética
O patinho feio virou cisne branco. Relegado na última década, em detrimento de gigantescas hidrelétricas e silenciosos aerogeradores, o carvão retorna à pauta do desenvolvimento do governo federal em meio a um cenário de crise hídrica, que ameaça colocar em 'xeque' o modelo de geração de energia adotado pelo Brasil.
Com o apoio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Ministério de Minas e Energia (MME) trabalha na elaboração do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, documento que define as políticas energéticas do país e os consequentes planos de investimentos futuros. A prévia do planejamento foi divulgada durante o final de semana, com destaque para a presença estratégica do mineral abundante na região. A mudança de visão é simples. Em 2050, de acordo com as projeções do estudo denominado Cenário Socioeconômico e Demanda de Energia, elaborado pela EPE, 90% dos 226 milhões de habitantes do Brasil viverão em centros urbanos.
A estimava é de que serão construídos 39 milhões de novos domicílios. A frota de veículos leves deve triplicar e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita pode atingir o patamar atual da França (entre 36 mil e 42 mil dólares). Este contexto exigirá uma matriz sólida, capaz de suprir as necessidades e reduzir ao máximo a capacidade de apagões. E é neste ponto que entra o carvão.
Em entrevista ao Portal Brasil, do governo federal, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Altino Ventura, um dos principais executivos da pasta, afirma que o País terá que reavaliar posições anteriores para garantir a energia elétrica necessária às próximas gerações.
"Teremos que fazer a transição para a termoeletricidade, achando um caminho que combine três fontes: gás natural, carvão e nuclear. O potencial hidrelétrico brasileiro não tem condições de atender as demandas até 2050", sentenciou.
Com base no PNE 2030, concluído em 2008, a hidroenergia poderá alcançar 174 gigawatts (GW), respondendo por 68% de toda a energia elétrica ofertada no Brasil. Considerando que a capacidade instalada necessária para atendimento da demanda em 2030 é de 225 GW, os restantes 61 GW deverão sair de outras fontes. Ocorre que para 2050, a necessidade será ainda maior. Por dependerem de condições climáticas, as fontes renováveis, que devem configurar 85% da matriz até 2023, não garantem plena segurança ao sistema nacional.
"Fica claro que o Brasil vai ter que usar todas as fontes energéticas. Eólica, solar, biomassa, conservação de energia, tudo isso vai ser feito, mas não se pode num país como o nosso, que tem um crescimento de consumo de sete mil megawatts por ano, se manter só com essas fontes, que têm problema de instabilidade da rede", reflete Ventura.
O PNE 2050 será finalizado no segundo semestre de 2015, com o indicativo de participação do carvão na composição da matriz nacional. O Rio Grande do Sul deve ser um dos principais beneficiados por esta projeção, tendo em vista que o Estado já dispõe de dois projetos pré-habilitados, que podem disputar os próximos leilões de energia. Um deles, o da empresa Eneva, que não disputou com a Tractebel o certame deste ano, prevê a construção de nova usina em Candiota.
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